Descrição
Este livro tem por objeto um tema delicado e doloroso: a investida do Estado por sobre os corpos de familiares de pessoas presas no momento da visita ao cárcere, no âmbito do procedimento conhecido como revista vexatória ou revista íntima.
A categoria teórica que articula a análise da revista vexatória governamentalidade criminal é construída a partir do referencial foucaultiano, e aqui reside uma contribuição importante do texto: ao atualizar a empoeirada categoria da periculosidade, amplia sua compreensão de que se trata e quem ela atinge. Nas palavras do autor, acaba tornando possível uma governamentalidade criminal que se expande para além da figura do crime e do criminoso , alcançando também familiares e as comunidades de suporte das pessoas que se encontram encarceradas. É uma mostra de como a crítica da justiça criminal e penal passa necessariamente pela revisão constante do alcance e do impacto do conceito de periculosidade, para muito além do tema das medidas de segurança.
Trata-se, a rigor, de um mecanismo de ocultação e naturalização da violência da justiça criminal.
(Do prefácio)