Descrição
Em 06 de janeiro de 2021, correligionários de Donald Trump tomaram o Capitólio para obstruir a contagem dos votos do Colégio Eleitoral e impedir a confirmação da eleição de Joe Biden. Em 08 de janeiro de 2023, apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos três Poderes na crença de que, diante da comoção social, as Forças Armadas afastariam Luiz Inácio Lula da Silva da presidência. Ambos os episódios, em que a violência foi usada no esforço de subverter o resultado das urnas, foram provocados por falsas alegações de fraude eleitoral.
Mesmo falsas, as alegações de fraude eleitoral ameaçaram a escolha dos governantes pelo voto ao indisporem os derrotados a aceitar o desfecho do que seria uma disputa “roubada”, mantendo viva a animosidade que a proclamação do resultado das urnas deveria aplacar.
Iniciativas diversas vêm sendo adotadas desde que a credibilidade das eleições foi colocada em questão, como programas de esclarecimento, sanções contra a desinformação e incremento da transparência na votação. Mas revelam os ataques de janeiro que tais medidas são insuficientes para restaurar a confiança porque partem das instituições que são alvo de suspeita. Diante de eleitores emocionalmente investidos nas falsas alegações, deve-se repensar o próprio desenho da governança eleitoral.