Descrição
Em sua analítica do poder , Foucault se opõe às principais versões de um modelo a que se pode chamar substancial ou essencialista do poder. Nesse sentido, a forma jurídica do poder, bem como o modelo da soberania a ela vinculado, são confrontados com uma concepção distinta. Foucault desloca o foco de análise para uma concepção de poder diferente das formulações da filosofia e da teoria política tradicionais. Clama pela necessidade de superação dessa tipologia tradicional de poder, abrindo caminho para uma outra concepção de poder situada no campo das estratégias, das lutas e das batalhas perpétuas.
No percurso das análises de Foucault sobre o poder, segundo uma concepção própria, ao abordar o tema da soberania, o filósofo traz o pensamento de Maquiavel. O maquiavelismo é uma teoria que não se encaixa na dupla oposição contratualismo/marxismo apontada por Foucault, mas também é caracterizado pelo exercício do poder soberano, objeto de oposições presentes nos estudos sobre o poder elaborados por Foucault. Na literatura clássica, Maquiavel é o expoente máximo da razão de Estado moderna conceito cuja formulação passa obrigatoriamente pelo estudo de suas obras, e é retomado por Foucault segundo a perspectiva da governamentalidade.