Descrição
Trata-se de contribuição sumária para analisarmos o processo social e histórico
da concentração fundiária, o papel do Estado neste processo e todo
arcabouço jurídico construído para sustentar uma estrutura econômica,
que tem a propriedade da terra como base. Aqui, a chave é o processo de
criminalização do MST. O caso pesquisado, na Usina Santa Helena do grupo
Naoum, é a representação de como se constitui um sistema econômico
e jurídico para atender os interesses de uma burguesia agrária industrial, a
partir do tripé Estado, capital e sistema jurídico. De forma exemplar, a autora
demonstra como a ocupação de terras é uma forma de resistência dos
marginalizados e oprimidos.
A partir de rigorosa metodologia, fontes das mais diversas - de processos
judiciais à registros de campo - e extensa bibliografia, a obra responde como
a lei pode ser utilizada para a criminalização de um movimento social rural.
Ficam nítidas as conexões entre os poderes e o proprietário, que investido
pelo poder da propriedade, tem, por vezes, aliados no judiciário e nas forças
de segurança. Descontextualiza-se o conflito agrário e cria-se uma narrativa
mí¬tica de um suposto fato criminoso. É a expressão de uma forma de pensar e
interagir com o outro extremamente violenta e hierarquizada, que exclui da
esfera da cidadania ativa a ação organizada dos sujeitos.