Descrição
No debate jurídico e político atual, é impossível não pensar em John Rawls como um nome central para a teoria da justiça. Os que possuem qualquer relação com a atual produção teórica em matéria jusfilosófica sabem que Rawls, assim como Jürgen Habermas, Ronald Dworkin, além de seus muitos discípulos, é um dos principais pontos de partida do debate sobre o justo e sobre a ética de uma sociedade liberal, mesmo entre aqueles que desejam rechaçá-lo. Rawls, ao invocar para sua teoria da justiça certa herança kantiana, tornou-se uma espécie de porta-voz oficial do kantismo no debate contemporâneo. Para boa parte do mundo jurídico, pensar em Kant é pensar na filosofia que inspira Rawls. O Kant conhecido e estudado entre juristas e politólogos é o Kant apresentado pelo autor de Uma teoria da justiça .
Enquanto Rawls nos traz um Kant revolucionariamente liberal e integralmente engajado com o projeto de uma ética de consensos mínimos para uma sociedade multicultural uma deontologia formal e independente de bens e de fins , esta obra advoga que o mestre de Königsberg é antes um reintrodutor de inúmeros elementos da ética aristotélica clássica, adaptados à linguagem moderna, um proponente de uma ética substancial, de uma deontologia intimamente dependente de uma teleologia, de uma realismo vinculado a uma concepção forte e concreta da natureza humana e de sua realização.